Na vida ou no trabalho, aquelas coisas que evitamos falar por não saber como ou por medo de expressar, nos fazem sentir uma necessidade de afastamento e isolamento, quase como se todo mundo estivesse percebendo o que estamos segurando.
Não falamos, não expressamos, não comunicamos mas, ao mesmo tempo, sentimos que está escrito na nossa testa e aí, pensamos naquilo de forma obsessiva. Essa obsessão se torna uma realidade no nosso coração, gerando mais pensamentos nocivos, ações indesejadas e mais repressão da nossa expressão.
Uma pequena questão com seu colega de trabalho, uma chateação com seu chefe, uma necessidade de novos desafios ou de pedir um aumento, aquele feedback que você precisava dar pro seu colega de trabalho ou para o seu time… Ah! São tantas as coisas que a gente cala e transforma em um problema muito maior, quando poderia ser tão mais simples.
É um comportamento que vira doença. Ansiedade é coisa séria e trabalho não é pra ser uma dor. Você tem dificuldade de expressar suas necessidades ou feedbacks, delegar tarefas, pedir ajuda, reclamar de algo que realmente está prejudicando seu trabalho ou desempenho? Já aconteceu com você?
Tive (e ainda tenho) momentos como esse. Aprendi na marra, na dor e às vezes no amor também, como transformar a comunicação dentro do ambiente de trabalho e que, claro, se estende para a vida. Todas essas dificuldades podem começar a ter uma solução se passarmos a dar nomes às nossas necessidades.
A primeira clareza deve vir de nós, o passo número um é se entender consigo. Como? Refletindo:
Com isso podemos começar a entender as questões e sair um pouco desse ciclo do pensamento excessivo. Tirando de dentro de nós, as coisas começam a parecer mais reais e podemos desenvolver uma visão mais observativa e menos julgadora. Entendendo com mais clareza, é possível comunicar com mais calma e menos envolvimento emocional.
Sim, eu sei. A tarefa não é simples! É um exercício a se fazer toda vez que se ver segurando a angústia, alimentando os pensamentos de maneira tóxica e paralisante. Esse será o gatilho para iniciar o processo de reflexão. Depois disso, no nosso tempo, quando nos sentirmos mais confortáveis para falar com as pessoas envolvidas, falaremos das necessidades, de como nos sentimos/ queremos ou gostaríamos de nos sentir / ter. Sem apontar dedos, sem transferir para o outro a responsabilidade sobre como a situação é para nós.
Mesmo que o outro tenha participação direta no conflito, tudo isso ainda está muito dentro do nosso limite e da nossa cabeça. Quando envolver outras pessoas, por mais que seja uma pessoa difícil de lidar, existe todo um outro universo que não podemos simplesmente adivinhar o que se passa. Precisamos comunicar claramente o nosso universo e esperar uma resposta, antes criar situações.
Claro, nem todo chefe, colega de trabalho, RH, etc., são pessoas abertas para que a comunicação flua bem, mesmo diante dos nossos esforços de reflexão e cuidado. Porém, precisamos começar a pensar mais por nós, tentar por nós, pois ficarmos paralisados é muito angustiante. Pensar que vamos continuar nos permitindo a desenvolver doenças psicológicas pela falta de colaboração dos outros é totalmente absurdo, na minha opinião. Sei que não controlamos quando já está num nível desfuncional, mas é possível estarmos atentos para não chegarmos nesse ponto.
Pode parecer egoísmo, mas a lógica que sigo é outra: agir pelo viés do autoconhecimento, da comunicação não violenta, da saúde mental em dia e da clareza do nosso universo é missão nossa e, quando assumimos essa missão, nos tornamos pessoas melhores. Pessoas melhores são líderes melhores, colegas de trabalho melhores, mentores melhores. A construção de um mercado de trabalho menos abusivo começa por aí, por nós e nossas atitudes individuais. E só podemos cuidar do outro quando estamos minimamente bem.
Se isso acontece com você de alguma forma, me conta. Vamos tentar desatar esses nós juntos e construir ambientes de trabalho mais saudáveis.
(Esse texto não tem como objetivo definir diagnósticos de qualquer transtorno psicológico, tampouco definir tratamentos para tais transtornos. Se seu caso é desfuncional e vai além do que dicas práticas podem ajudar, procure um profissional da psicologia ou psiquiatria.)
Prometi lá nos stories do instagram, em julho de 2017,…
Esse foi o título de uma notícia de 2012, que…
Não é de hoje que as questões de bem estar…